quinta-feira, junho 14

Contos do Futebol Gaúcho - O Padre Jogador

     Nos anos 60, o Avenida ganhou uma mãozinha divina, ou melhor, um pezinho.
     O padre da paróquia que atendia a Várzea, Orlando Pretto, hoje pároco da catedral de, cedeu às tentações do esporte e passou a treinar com o time. “Tudo sob a bênção do bispo dom Alberto Etges”, sublinha ele: “Eu era um jogador voluntarioso, craque não”, se autodefine. “Tinha um chute forte e velocidade, mas não era um grande driblador.” Preenchia posições na ponta direita e brincavam: lá onde acaba o campo não cresce grama, porque é onde o padre pára e dá o giro para o retorno.
     O técnico Daltro Menezes quis chamar a atenção em um amistoso do Avenida contra o Internacional e combinou que o padre jogaria 10 minutos no final. Mas o destino conspirou contra — o pai do padre adoeceu, impedindo sua participação. Certa feita, ele atuou inclusive de comentarista, ajudando o Ernani Aloísio Iser de dentro do campo. 
     Foi na partida contra o América, campeão carioca, em domingo de muita chuva. “Tu não podes me identificar como padre no rádio, me chama de Orlando Francisco”, alertou ao narrador. Mas, aos 32 minutos do segundo tempo, uma jogada fenomenal: o placar estava 0 a 0, a bola molhada, o meia-esquerda Jaime, do Avenida, chuta forte de esquerda, de fora da área e a bola dá a impressão de que ia entrar, mas um ângulo misterioso a desvia na última hora. Iser, emocionado e já preparado para gritar gol, aciona o pároco: “faaala padre Pretto”!!! No dia seguinte, senhoras foram ao bispo reclamar do padre metido em futebol.

                                                                                                          Extraído do site oficial do
                                                                                                       EC Avenida de Santa Cruz do Sul

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