Reminiscências - O Pênalti mais Demorado
Você acreditaria que uma simples penalidade máxima, chamada inicialmente de “o chute da morte”, levaria vários dias para ser cobrada? Pois isso, por mais incrível que possa parecer, aconteceu em Pelotas, em 09.09.1934, no velho estádio da Avenida Bento Gonçalves quando, naquela oportunidade, duelavam o Esportes Clube Pelotas e o então 9º Regimento de Infantaria (atual G.A. Farroupilha), pelo campeonato citadino, fato que ficou conhecido como o famoso “Caso do Pênalti”.
Nos minutos finais da partida, o árbitro da partida, o riograndino Valentino Martinato, marcou uma penalidade máxima contra o tricolor fragatense, cometida pelo “half esquerdo” Celistro. Quando a mesma ia ser executada, o cronometrista (que na época era quem marcava o tempo de jogo) sinalizou o final da partida, gerando um grande tumulto, com as duas torcidas invadindo o campo de jogo, resultando numa grande confusão, fato determinante para que o tiro livre não pudesse ser executado.
Frise-se que, naquela época, os estádios não tinham tela de proteção, sendo protegidos unicamente por uma pequena mureta, invariavelmente de madeira ou tijolo. Criou-se um grande impasse e o pênalti acabou não sendo cobrado. Em 12 de setembro, a então Liga Pelotense Amadores de Desportos (promotora do certame), reunida na Biblioteca Pública Pelotense, determinou que referido “pênalti-kick” deveria ser cobrado, corroborando o entendimento do juiz Martinato em correspondência remetida por este à liga, nesta mesma data. Finalmente, foi então marcado para o dia 30 daquele mesmo mês para que isso acontecesse, no mesmo local, às 13:30 horas. E tinha que pagar ingresso para assistir a penalidade, bem como foi nomeada uma comissão que se encarregaria dos mais “exaltados”, inclusive de casos policiais, se viessem a ocorrer.
O assunto tomou conta da cidade e, na data marcada, com o imponente pavilhão de madeira do belíssimo estádio lotado, com as duas torcidas presentes, estavam lá os coadjuvantes: as autoridades, as equipes perfiladas, o “referee”, o vento, que era forte, e os protagonistas maiores: O caxiense-bigodudo goleiro Brandão (Lourival Faria de Lima), pelo Regimento e, João Pedro (?), conhecido como o “canhão pelotense”, pelo lado do Pelotas. Se o famoso “filósofo do futebol”, Antônio Franco de Oliveira (Neném Prancha) estivesse presente naquela oportunidade, certamente encarregaria o presidente do Pelotas, na época, Justino Sereno Ribeiro, de fazer a cobrança da penalidade, tal a responsabilidade que recaia sobre os ombros do ponteiro áureo-cerúleo.
Por ironia do destino, Brandão defendeu o “pataço” efetuado por João Pedro e o 9º Regimento de Infantaria venceu por 2 x 1, com dois gols do famoso “mergulhão” Cardeal (Sezefredo Ernesto da Costa). Como as equipes chegaram ao final do campeonato empatadas com apenas dois pontos perdidos cada uma (modalidade vigente na época), foi marcada uma nova partida para o feriado do dia 15 de novembro (quinta feira) daquele mesmo ano, no campo do Clube Atlético Bancário, com arbitragem de Teotônio Soares, tendo o 9º RI vencido por 3x1, sagrando-se campeão citadino pela primeira vez e abrindo caminho para o tri-campeonato, título que viria a conquistar, em 1936.
Certamente existem outros casos inusitados e pitorescos de pênaltis pelo mundo afora, entretanto este, podemos afirmar, é um deles pelo seu ineditismo, desde sua criação em 1890, na Inglaterra, e sua conseqüente implementação, no ano seguinte.
Bebeto Silveira.
Você acreditaria que uma simples penalidade máxima, chamada inicialmente de “o chute da morte”, levaria vários dias para ser cobrada? Pois isso, por mais incrível que possa parecer, aconteceu em Pelotas, em 09.09.1934, no velho estádio da Avenida Bento Gonçalves quando, naquela oportunidade, duelavam o Esportes Clube Pelotas e o então 9º Regimento de Infantaria (atual G.A. Farroupilha), pelo campeonato citadino, fato que ficou conhecido como o famoso “Caso do Pênalti”.
Nos minutos finais da partida, o árbitro da partida, o riograndino Valentino Martinato, marcou uma penalidade máxima contra o tricolor fragatense, cometida pelo “half esquerdo” Celistro. Quando a mesma ia ser executada, o cronometrista (que na época era quem marcava o tempo de jogo) sinalizou o final da partida, gerando um grande tumulto, com as duas torcidas invadindo o campo de jogo, resultando numa grande confusão, fato determinante para que o tiro livre não pudesse ser executado.
Frise-se que, naquela época, os estádios não tinham tela de proteção, sendo protegidos unicamente por uma pequena mureta, invariavelmente de madeira ou tijolo. Criou-se um grande impasse e o pênalti acabou não sendo cobrado. Em 12 de setembro, a então Liga Pelotense Amadores de Desportos (promotora do certame), reunida na Biblioteca Pública Pelotense, determinou que referido “pênalti-kick” deveria ser cobrado, corroborando o entendimento do juiz Martinato em correspondência remetida por este à liga, nesta mesma data. Finalmente, foi então marcado para o dia 30 daquele mesmo mês para que isso acontecesse, no mesmo local, às 13:30 horas. E tinha que pagar ingresso para assistir a penalidade, bem como foi nomeada uma comissão que se encarregaria dos mais “exaltados”, inclusive de casos policiais, se viessem a ocorrer.
O assunto tomou conta da cidade e, na data marcada, com o imponente pavilhão de madeira do belíssimo estádio lotado, com as duas torcidas presentes, estavam lá os coadjuvantes: as autoridades, as equipes perfiladas, o “referee”, o vento, que era forte, e os protagonistas maiores: O caxiense-bigodudo goleiro Brandão (Lourival Faria de Lima), pelo Regimento e, João Pedro (?), conhecido como o “canhão pelotense”, pelo lado do Pelotas. Se o famoso “filósofo do futebol”, Antônio Franco de Oliveira (Neném Prancha) estivesse presente naquela oportunidade, certamente encarregaria o presidente do Pelotas, na época, Justino Sereno Ribeiro, de fazer a cobrança da penalidade, tal a responsabilidade que recaia sobre os ombros do ponteiro áureo-cerúleo.
Por ironia do destino, Brandão defendeu o “pataço” efetuado por João Pedro e o 9º Regimento de Infantaria venceu por 2 x 1, com dois gols do famoso “mergulhão” Cardeal (Sezefredo Ernesto da Costa). Como as equipes chegaram ao final do campeonato empatadas com apenas dois pontos perdidos cada uma (modalidade vigente na época), foi marcada uma nova partida para o feriado do dia 15 de novembro (quinta feira) daquele mesmo ano, no campo do Clube Atlético Bancário, com arbitragem de Teotônio Soares, tendo o 9º RI vencido por 3x1, sagrando-se campeão citadino pela primeira vez e abrindo caminho para o tri-campeonato, título que viria a conquistar, em 1936.
Certamente existem outros casos inusitados e pitorescos de pênaltis pelo mundo afora, entretanto este, podemos afirmar, é um deles pelo seu ineditismo, desde sua criação em 1890, na Inglaterra, e sua conseqüente implementação, no ano seguinte.
Bebeto Silveira.
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