domingo, outubro 5

Memória timesdors: Carpegiani em Evangelista (Casca/RS)

Carpegiani em Evangelista

Telmo Paravisi Machado

      Um dos episódios mais inesquecíveis do futebol casquense aconteceu em fevereiro de 1978 quando o ex-jogador de futebol do Sport Club Internacional  Paulo Cesar Carpeggiani visitou o município com um grupo de amigos realizar partida amistosa beneficente contra o Centro Esportivo e Literário Mauá no Distrito de Evangelista.
      O jogo foi marcado, na época em que os "Amigos do Carpegiani" realizavam amistosos para ajudar o cunhado de Paulo César, ex-jogador do Sport Club Gaúcho de Passo Fundo.
      O Mauá havia disputado um amistoso jogo de futebol de Salão em Passo Fundo, contra um time de uma mecânica, e como o ex-jogador estava prestigiando o evento, gostou do pessoal, ficou acertado que seria realizado um amistoso em Evangelista.
     Carpegiani que a poucos meses havia sido negociado com o Flamengo do Rio de Janeiro, estava de férias e havia confirmado a presença. O jogo estava acertado com algumas exigências: que fosse cobrado ingressos e que os marcadores do astro campeão brasileiro com o Inter não "chegassem junto" pois afinal ele era atleta profissional de alto nível e qualquer tipo de lesão poderia comprometer sua já sólida carreira futebolística. Coube a Paulinho Marchesi a árdua tarefa de marca-lo.
     Os preparativos haviam sido feitos e uma grande festa foi planejada para receber o grande ídolo que na época estava com 28 anos e já havia servido a Seleção Brasileira desde 1974.
    Alto-falantes haviam sido instalados para que Carpegiani pudesse ouvir os principais gols marcados ao longo de sua carreira, a iniciativa era de um grupo de colorados que fazia parte da diretoria do Mauá. Até hoje muitos contam que o jogador não esperava tal surpresa e com lágrimas no rosto se emocionou ao ouvir a narração de seus principais feitos. Ainda fogos foram lançados para promover o evento festivo.
     Uma corda havia sido esticada no início da "Praça da República" (praça de Evangelista), e só poderia, cruza-la que tivesse pago ingresso para ver a partida. Lá dentro o negócio funcionava mais ou menos como é hoje nas partidas de basquete da NBA: as cadeiras ao redor da quadra eram pra quem pagava mais. Quanto mais distante menor o custo do ingresso.
     A partida foi disputada sob o olhar curioso de uma plateia que estava acostumada a ver os times locais e muitos deles nunca haviam visto um jogador do porte de Carpegiani, ainda mais no interior de uma cidade pequena, como ainda hoje é Casca. A cada lance em que o então flamenguista tocava na bola era motivo para gritos e aplausos.
     Em um jogo festivo, onde a integração e a camaradagem valiam mais do que a vitória, o que menos importou foi o resultado da partida.  Em um presente aonde os jogadores de futebol, estão cada vez mais distantes do grande público, nos resta somente a memória de uma época em que os atletas numa clara demonstração de que gostavam do que faziam, realizavam jogos de férias, visitavam comunidades e traziam o futebol aos quatro cantos do Rio Grande.
     Memórias de um esporte que hoje infelizmente existe mais.


Foto tirada antes do jogo: Carpegiani (de azul) confraternizando com jogadores do Mauá, com uniforme "não oficial" amarelo e vermelho. Local: Antiga Cancha de futebol de Salão do Distrito de Evangelista.


Fonte: entrevista com Paulo Zamarchi, Distrito de Evangelista, Casca/RS. Setembro de 2014.
Telmo Paravisi Machado

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