Reminiscências – O Busão do Aimoré
Corria solto o ano de 1956. Como a comercialização do produto estivesse em baixa, perdendo mercado para sua maior concorrente, a empresa gaúcha Refrigerantes Sul-Riograndense S/A., fabricante de refrigerantes Pepsi Cola no estado, visando alavancar suas vendas e entrar de vez no disputadíssimo mercado das colas, lançou uma campanha intitulada: “Dê um ônibus ao seu clube”, que premiaria aquele clube gaúcho que arrecadasse o maior número possível de tampinhas do produto, pela qual o vencedor receberia, em troca, um ônibus novinho em folha, equipado com o que de mais moderno existia, na época.
A campanha foi um sucesso, os clubes e suas torcidas arregimentaram forças, no intuito de juntar o máximo possível das “redondinhas”, o que habilitaria seu clube de coração ao tão sonhado prêmio. Se você pensa que os vencedores teriam sido o Internacional, Grêmio ou o Brasil, clubes com as maiores torcidas do estado, está redondamente enganado. O vencedor foi o Clube Esportivo Aimoré, de São Leopoldo.
Como o número de tampinhas arrecadadas superou todas as expectativas, sendo impossível a contagem das mesmas, optou-se por realizar o concurso, por peso, tendo saído vencedor o índio capilé. Até hoje se questiona como um clube do interior, de uma cidade relativamente pequena, na época, com uma torcida sem expressão, tenha abocanhado tal prêmio. Alguns afirmam que a torcida colorada, por estar em desvantagem e que sua derrota seria iminente, teria “doado” sua parte ao Aimoré, que figurava em 3º lugar na contagem geral.
Afirmam outros que a “indiazada”, dos mais recônditos rincões do estado, insuflada por seus caciques, simplesmente por estarem ajudando aquele que, com eles mais se identificava, tomava o refrigerante como quem toma água. O Aimoré utilizou referido ônibus por muitos anos, o qual tinha, em suas laterais, a figura de um índio com o distintivo do clube. Algumas figuras expoentes do futebol gaúcho, na época, como Toruca (zagueiro), Kim (meio campista), Alfeu, Soligo, Fernando e, posteriormente, Mengálvio (meio campista), Abílio (centro avante), Gilberto Andrade (ponta esquerda), Suly (goleiro), Paulo Lumumba e muitos outros, teriam viajado neste ônibus, sem esquecer o grande comandante do Aimoré, na época, o velho capitão Carlos Fronner, equipe que chegou a dirigir por mais de 10 anos.
Nunca se soube, realmente, o fim que o ônibus levou, creio que tenha sido “aposentado” devido ao seu desgaste natural e que, com o passar dos anos, tenha se tornado obsoleto. Logo a seguir, para coroar mais uma conquista, o “índio capilé” viria a disponibilizar a sua torcida, na gestão do presidente Itacyr Mandelli, um belo estádio (João Corrêa da Silveira), novinho em folha, o tradicional Cristo Rei, o qual viria substituir a velha “taba” índia. Pura nostalgia. São reminiscências difíceis de esquecer!.
Bebeto Silveira.
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