sábado, setembro 24

Reminiscências - Mascotes e Estádios de Clubes Pelotenses

Reminiscências - Mascotes e Estádios de Clubes Pelotenses

  
    Muitas vezes somos indagados sobre a real origem  dos mascotes e o porque dos nomes  pelos quais são chamados os estádios dos clubes de Pelotas. Em resposta a estas indagações, tentaremos sintetizar, em poucas palavras, o porque destas denominações.


     G.E. BRASIL – (XAVANTE) – A denominação remonta ao ano de 1946, em partida realizada em 28 de julho daquele ano, quando o Brasil estava perdendo, já no primeiro tempo para o Pelotas por 3x1, em um dos tantos clássicos locais e, jogando com um atleta a menos, devido a expulsão do atleta Chico Fuleiro, acabou virando o jogo para 5x3, na etapa final. Diante do resultado, a torcida ensandecida invadiu o gramado, comemorando memorável feito, ao que um dirigente do Pelotas teria afirmado (?), ao final da partida, vendo aquela turba descontrolada: “Eles foram uns bárbaros”, pareciam uns índios xavantes, em alusão ao filme-documentário “No Reinado dos Xavantes” ou Bandeira Piratininga, um longa metragem produzido em São Paulo em 1939, e que estaria em cartaz nos cinemas locais (?), naquela oportunidade. Daí teria surgido a denominação xavante ou índio xavante. Existe, até hoje, uma certa controvérsia sobre o caso, porquanto alguns afirmam  que o filme teria outra denominação, entretanto, tal afirmativa não se sustenta, mesmo porque por mais que se pesquisasse, inclusive junto à Ancine, não foi possível identificar qualquer outra produção a respeito dos índios xavantes, tanto anterior a 1939, como entre as datas acima referidas.

     Assim, parece ser a primeira afirmativa a mais  verossímil,  porquanto o povo xavante, naquela época, era considerado agressivo, forte e guerreiro, como o foi a equipe rubro-negra.  Afirma-se que referido conceito, de um  certo modo, seria uma espécie de preconceito contra a cultura indígena, entretanto o mesmo foi bem recebido pela torcida, permanecendo até os dias de hoje. É tudo uma questão de interpretação, porquanto o dirigente não especifica  se estaria se referindo aos jogadores ou à torcida. O treinador xavante, na época, era o pelotense  José Francisco Duarte Jr. (Teté), que mais tarde chegou a treinar o S.C. Internacional, por ocasião do famoso Rolo Compressor. A torcida xavante, em determinada época, tinha o hábito de jogar um corvo para dentro do campo de jogo. Entretanto, até hoje, não se sabe qual o real significado desta atitude, isto porque a simbologia do “bicho preto”, estando aliada a superstições, tem diversas interpretações que se contradizem.  

     O nome do estádio é uma homenagem a um dos grandes benfeitores do clube e seu ex-presidente, Bento Mendes de Freitas, o qual fez a doação, com reserva de usufruto vitalício, do terreno onde hoje se acha erguido o estádio, inaugurado em 1943 e que, atualmente, passa por reformas em suas estruturas. O seu torcedor símbolo era Argemiro Severo Gonçalves, o famoso Marcola,  figura carismática e muito querida pela torcida xavante.  Marcola nos deixou em dezembro de 2002, aos 72 anos de idade.

    E.C. PELOTAS – (LOBÃO/BOCA DO LOBO) – No início de sua fundação, o estádio do Pelotas era denominado de “Estádio da Avenida”. Posteriormente, isto lá pela década de 1960, e como sua localização encontra-se na bifurcação (lado leste) das ruas Dr. Amarante, Gonçalves Chaves e Av. Domingos de Almeida, cujo formato assemelha-se à boca do canídeo selvagem, recebeu a denominação de “Boca do Lobo”, adotando-se, também, o seu mascote  como lobo ou lobão, como queiram, em substituição ao tradicional mascote de fraque e cartola, nas cores azul e amarelo.  
      É o único que até hoje não denominou seu estádio, homenageando algum de seus grandes benfeitores, que não são poucos. Assim como o Brasil teve “Marcola” e o Farroupilha tem o “Trem”, o Pelotas também teve um torcedor folclórico e carismático, que atendia pelo apelido de  “Rasteira”,  o qual “abrilhantava” os jogos do áureo-cerúleo, com seu inseparável pandeiro a tiracolo, principalmente em dias de Brapel, oportunidade em que “confraternizava” com o “Marcola”, já um tanto manguaçados.

    G.A. FARROUPILHA – (FANTASMA) – Anteriormente denominado pelo acrônimo de G.A. 9º RI, nome pelo qual foi campeão estadual em 1935, tendo permanecido com este nome até 1941, quando o governo Vargas proibiu que unidades militares emprestassem seus nomes à agremiações civis.  Em alusão à Revolução Farroupilha e ao maior título conquistado até então, surgiu daí o G.A. Farroupilha. Fantasmas são descritos como essências solitárias que assombram determinado lugar, podendo estar ligado em vida a respeito de exércitos, que podem aparecer para os vivos de maneira visível ou de outras manifestações, causando medo e espanto. Era o caso do Farroupilha. Dizem que “assustava” principalmente a dupla Grenal e, por estar localizado próximo ao Cemitério São Francisco de Paula, acabou recebendo a alcunha de “O fantasma do Fragata”, adotado como mascote, com sua mãozinha esquerda levantada e sua camisa tricolor em listras horizontais. O nome do estádio é Gen. Nicolau Fico, situado no complexo Plácido de Castro Nogueira. Os mais antigos devem recordar da famosa intermediária do farrapo, que era chamada de “A refeição do dia”: Café, Pão (Wilson Jorge) e Patê”. Entretanto, quem rouba a cena em dia de jogo do tricolor fragatense é seu torcedor símbolo, o septuagenário Guilherme Silva Dias, o famoso ”Trem”, uma figura   folclórica e carismática, com sua enorme bandeira a tiracolo, com a qual acompanha  o seu clube por onde  ele estiver.

    C.A. BANCÁRIO  – O Bancário foi fundado em 10.12.1925, como seu próprio nome sugere,  por um grupo de bancários locais, reunidos na sede do antigo Banco Pelotense, gentilmente cedida.  Dois  anos após, o Bancário adquiriu do Dr. Augusto Simões Lopes o terreno onde hoje se acha instalado o velho “Estádio Getúlio Vargas”” que, na época era cedido ao Brasil, o qual  tinha seu campo em sentido perpendicular ao atual.  Durante toda sua existência, sempre foi uma equipe de poucos recursos em comparação aos demais clubes locais.  Já em seus estertores, dependia de alguns poucos abnegados,  entre os quais podemos citar, o ex-presidente Darcy Kirst (funcionário do Banrisul) e o treinador Saul Araújo.  Sua sede central, na época, localizava-se à rua 7 de Setembro, entre 15 de Novembro e Andrade Neves - (Altos do Ed. Olinda). Chegou a ser homenageado pela Câmara Municipal, através a Lei 986, de 19.07.1960, declarando-o de Utilidade Pública. Com a interrupção dos campeonatos da cidade a partir de 1964, três anos após  o Bancário licenciou-se da FGF e, no início da década de 1970, após mais de 45 anos de existência, o velho “rubro cinza da estação” deixou de competir, levando junto com ele o seu tradicional pavilhão de madeira, conservando, entretanto,  parte das arquibancadas pela Avenida Brasil. Quem pensa que o “velho” estádio esteja depredado, enganou-se redondamente. Foram feitas diversas melhorias, como a construção de vestiários, banheiros, lixeiras, cabine para imprensa, pintura geral, drenagem  e outros melhoramentos que, os menos avisados, nem  podem imaginar. Hoje, serve de CT para o Progresso F.C. (clube amador pelotense), o qual disputa os campeonatos de base organizados pela federação gaúcha de futebol, supervisionado pelo ex-atleta Alcyone Dornelles, o qual mantém parceria com o Internacional de Porto Alegre, na preparação exclusiva  de jovens atletas dessas  categorias, os quais, após avaliados,  são aproveitados pelo colorado portoalegrense.  Não consta que tivesse mascote. 


(Colaboração Gilmar Bermudes). 
Autor: Bebeto Silveira.

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