terça-feira, agosto 6

Rebechi, o treinador do Gaúcho

     Era o ano de 2007, e o Sport Club Gaúcho embora disputasse a Serie A do Campeonato Gaúcho, começava a dar fortes indícios que uma grave crise financeira estava por surgir. Esta que mais tarde, depois de consolidada, tornou-se a maior de todas na existência alviverde.
     A pouco mais de um mês antes de começar o certame, o clube não tinha contratado comissão técnica nem jogadores. Na antiga "Montanha", o periquito cogitava abrir mão da vaga. Era preciso tomar uma solução imediata para que o Gaúcho entrasse em campo e honrasse sua quase centenária camisa.
    Aí que surge a figura lendária de Armando Rebechi, um dos maiores atacantes da história do clube. Como jogador também foi um jogador pitoresco, pois começou como lateral esquerdo, e como diziam, os mais antigos, não jogava nada, já deslocado para atacante despontou para o futebol e consagrou-se regionalmente como goleador nato. Entrou para a história como o autor do primeiro gol do Estádio Wolmar Salton.
     Então com 69 anos, residente em Porto Alegre, Rebechi acertou com a direção que montaria a equipe e treinaria de graça, para que seu clube do coração não fechasse as portas. Para isso conversou com o ex-jogador e atualmente empresário Paulo César Carpegiani, a vinda de alguns atletas para Passo Fundo, outros procuradores de jogadores emprestaram seus atletas e o Gaúcho entrou em campo. Nomes como Rondinha, Macarini (ex-Passo Fundo) e o  atacante Rodrigo que já havia feito boa passagem pelo grupo foram contratados.
     Contudo, mesmo com o time montado, a situação financeira se agravava: faltava dinheiro não só para pagar os atletas, mas até mesmo para quitar as contas básicas de água e energia elétrica, no antigo Wolmar Salton. Rebechi "emprestou" na época 20 mil reais ao clube.
     Com uma folha de aproximadamente 30 mil mensais, o Gaúcho estreou em casa logo de cara contra a Ulbra de Canoas, uma equipe que investia mensalmente dez vezes mais.
Mesmo com todas essas dificuldades o clube entrou em campo e durante um bom tempo do jogo manteve equilibrado.
    O jogo estava empatado, no início do segundo tempo Rebechi substituiu um meio campo pelo jovem jogador William, a Ulbra estava pressionando, e percebia-se que o alviverde não suportaria muito tempo. Quando finalmente o gol saiu, o treinador não pensou duas vezes e sacou William, que havia entrado na partida 15 minutos antes.
     Aí dava pra imaginar o que aconteceu: a torcida ficou indignada: das sociais ouviu-se um estrondoso grito de um torcedor, que chegou a ecoar nas cabines de imprensa: 
       -Tá caduco véio!!!
      Em seguida um misto de risos e vaias. E foi assim foi até acabar a partida: Gaúcho 0 X 1 Ulbra.
     Poucas horas após o sucedido, Rebechi, indignado, e diga-se de passagem, com razão, pediu demissão. Era o primeiro técnico a cair no Gauchão logo no primeiro dia de competição. 
     A direção, que nada teve de culpa, fez o pedido ao treinador que reconsiderasse sua  decisão, afinal de contas o trabalho não poderia ser afetado pela passionalidade do torcedor.
     Pedido aceito  a após duas derrotas e três empates o Gaúcho mudaria definitivamente  de técnico, Eugênio Silva assumiu o comando do plantel, mas nada pode fazer. O Gaúcho estava rebaixado à Segunda Divisão Estadual.





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