quinta-feira, maio 10

Contos do Futebol Gaúcho - Pinduca, o Valente


Estreamos uma nova série que reúne contos do futebol gaúcho das mais variadas origens e dos mais diversos clubes do nosso estado, sempre num caráter humorístico e com características marcantes de como ainda se faz futebol por estes pagos. este primeiro é de origem do futebol pelotense:

Pinduca, o Valente


Paulista FC (Pelotas) X E.C. Cruzeiro (Jaguarão)


       O Paulista F.C. decidia o título da 1ª Divisão de Futebol Amador do Estado contra o Cruzeiro, de Jaguarão. O pedaço de jogo que faltava era no estádio do Internacional, de Arroio Grande, campo neutro, já que a partida fora interrompida por uma grossa pauleira lá pelas beiradas de Rio Branco, já no Uruguai.
        Dez minutos de bola correndo e o Paulista cometeu a ousadia de abrir o marcador. Foi o bastante para que eclodisse uma irrefreável batalha campal. Os 22 jogadores, reservas, técnicos, massagistas, torcedores e agregados se engalfinharam num sururu sem precedentes.
       A desvantagem do Paulista era evidente. Contava com a força de dois ou três dirigentes contra uma legião cruzeirense. Lá pelas tantas, Pinduca parte contra a torcida adversária e sai distribuindo pancada em todo mundo. Na verdade, mais levava do que dava. Mas, agüentou o tranco. Por milagre, conseguiu chegar inteiro no ônibus do Paulista que, abaixo de pedrada, fugiu da horda enfurecida.
       No leito da rodovia, já a uns bons quilômetros de distância, Wilson Moreira, então presidente do clube, foi saudar Pinduca pela valentia. No linguajar da época, o diálogo foi mais ou menos assim:
       -Meus cumprimentos, Pinduca. Você é o cara mais valente que eu já vi. Foi na direção deles e baixou a lenha...
       E foi aí que conheceu, pelo próprio herói, a verdade verdadeira:
       -Valente, uma pinóia, seu Moreira... eu pensei que era a nossa torcida. Fugi na direção errada.
       Assim, se desfez a áurea de heroísmo que o time inteiro já vislumbrava no estóico jogador. Mas, que ele brigava bem, brigava.


Autor: Sérgio Siqueira, Diário Popular de Pelotas – 30/03/2001

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