Segue trecho extraído do Facebook que conta um pouco da História do Cometa de Pelotas:
O Cometa Futebol Clube foi também um dos fundadores da Liga Pelotense de Futebol de Salão criada em 24 de abril de 1958.
Ainda, segundo essas informações, o clube foi extinto em 1987 dando origem ao Pelotas Clube de Pesca
Um dos primeiros times do Cometa FC, na década de 1940. |
Ano 1953. O Cometa foi, sem dúvida nenhuma, um dos principais clubes do futebol amador do Rio Grande do Sul. Em Pelotas, o futebol amador era chamado, nessa época, de “futebol de
várzea”. Isso porque quase todos os campos disponíveis para o futebol amador estavam localizados na várzea de Pelotas. A chamada “várzea” era uma faixa de terra que ia da zona do Porto até o campo do Brasil, mais ou menos, pegando toda aquela baixada. O estádio do Brasil se chamava o “Estádio da Baixada”.
Nessa faixa se localizavam quase todos os campos de futebol amador que existiam em Pelotas. Por volta dos anos 1953/1954, O Cometa, com o time completo, era imbatível
por qualquer clube amador no Rio Grande do Sul.
Nada menos que cinco jogadores de futebol profissional jogavam no Cometa. O goleiro do Cometa era o Suli, goleiro titular do G.E.Brasil (Ver Colecionador Xavante - Resgatando História - Jogadores); o Suli, com quinze anos, já foi campeão de futebol profissional pelo Brasil, como reserva do Caruccio; o centro-médio, era o Wilsinho Catalã, pra mim o melhor meio de campo do Brasil, depois do Falcão, pela elegância em campo e pela visão de jogo; o Wilsinho era o centromédio titular do Farroupilha (se chamava center-half); o ponta direita era o Vilmar Catalã, irmão do Wilsinho, e ponteiro titular do Brasil; o centro avante era o Nenê Plá, com uma passagem pelo time do Pelotas (às vezes jogava de centroavante o Fernando Bertaso, que era meu colega no Pelotense e eu levei
para o Cometa); o meia de ligação era o Negrito, um baita meia de ligação, titular do Brasil; o outro meia era o Maru, com passagem pelo Pelotas; e o ponta esquerda era o Bedeuzinho, titular do Pelotas, que driblava com os dois pés e jogava nas duas pontas.
Mas era muito difícil estarem todos disponíveis para o mesmo jogo. Eles tinham os seus compromissos com os Clubes. Mas quando podiam, principalmente nas férias coletivas dos jogadores profissionais, eles tinham prazer em jogar pelo Cometa. E em muitos dias o Cometa jogou completo. Todos eles foram grandes amigos e me dá muita saudade lembrá-los. Eles freqüentavam o Cometa todas as noites... e eu também.
várzea”. Isso porque quase todos os campos disponíveis para o futebol amador estavam localizados na várzea de Pelotas. A chamada “várzea” era uma faixa de terra que ia da zona do Porto até o campo do Brasil, mais ou menos, pegando toda aquela baixada. O estádio do Brasil se chamava o “Estádio da Baixada”.
Nessa faixa se localizavam quase todos os campos de futebol amador que existiam em Pelotas. Por volta dos anos 1953/1954, O Cometa, com o time completo, era imbatível
por qualquer clube amador no Rio Grande do Sul.
Nada menos que cinco jogadores de futebol profissional jogavam no Cometa. O goleiro do Cometa era o Suli, goleiro titular do G.E.Brasil (Ver Colecionador Xavante - Resgatando História - Jogadores); o Suli, com quinze anos, já foi campeão de futebol profissional pelo Brasil, como reserva do Caruccio; o centro-médio, era o Wilsinho Catalã, pra mim o melhor meio de campo do Brasil, depois do Falcão, pela elegância em campo e pela visão de jogo; o Wilsinho era o centromédio titular do Farroupilha (se chamava center-half); o ponta direita era o Vilmar Catalã, irmão do Wilsinho, e ponteiro titular do Brasil; o centro avante era o Nenê Plá, com uma passagem pelo time do Pelotas (às vezes jogava de centroavante o Fernando Bertaso, que era meu colega no Pelotense e eu levei
para o Cometa); o meia de ligação era o Negrito, um baita meia de ligação, titular do Brasil; o outro meia era o Maru, com passagem pelo Pelotas; e o ponta esquerda era o Bedeuzinho, titular do Pelotas, que driblava com os dois pés e jogava nas duas pontas.
Mas era muito difícil estarem todos disponíveis para o mesmo jogo. Eles tinham os seus compromissos com os Clubes. Mas quando podiam, principalmente nas férias coletivas dos jogadores profissionais, eles tinham prazer em jogar pelo Cometa. E em muitos dias o Cometa jogou completo. Todos eles foram grandes amigos e me dá muita saudade lembrá-los. Eles freqüentavam o Cometa todas as noites... e eu também.
O Cometa, na realidade, era uma grande família.
Eu tinha 13/14 anos e jogava no juvenil do Cometa. No Cometa eu era o Cacau. Merece registro o fato de que, no juvenil, não se jogava com chuteiras, mas de pés descalços. Com o tempo, a sola dos pés ficava grossa e a gente nem sentia.
Como era um pessoal muito humilde, o técnico do juvenil era um torneiro mecânico da Indumec, uma indústria metalúrgica que ficava na Gonçalves Chaves, a 200 metros do Cometa. Nas classes sociais mais baixas - é digno de registro essa particularidade - os adultos não fazem discriminação com as crianças, que são tratadas como adultos, como iguais. Nós, do Juvenil, éramos tratados pelos adultos como iguais.
Ainda mais porque na sede do Cometa havia uma mesa de ping-pong, a única diversão que o clube oferecia, e eu ganhava de quase todos eles no ping-pong. O Wilsinho Catalã e o Nenê Plá de vez em quando me ganhavam. O Cometa tinha a sua sede social nos fundos do bar do Panaiotis, um grego
solteirão, alto e magérrimo, muito branco, com uma baita paciência para nos agüentar. Vivia com duas irmãs e dois sobrinhos; a mais nova, Helena, casou com o Vilmar Catalã.
O bar ficava na esquina das ruas Gonçalves Chaves e Gomes Carneiro. Eu morava duas casas depois do bar. Eu morava a vinte metros do Cometa. Era o Panaiotis que ficava com a chave da sede do Cometa.
A sede não passava de um salão com uns cinqüenta metros quadrados. Em uma das paredes internas ficavam os armários para guardar os uniformes. Encostados nas outras três paredes havia bancos de madeira. Nas paredes, prateleiras, para guardar as taças. Uma mesa de ping-pong, tamanho oficial, e um rádio, para a gente escutar o futebol à noite. A sede só abria à noite.
Eu tinha 13/14 anos e jogava no juvenil do Cometa. No Cometa eu era o Cacau. Merece registro o fato de que, no juvenil, não se jogava com chuteiras, mas de pés descalços. Com o tempo, a sola dos pés ficava grossa e a gente nem sentia.
Como era um pessoal muito humilde, o técnico do juvenil era um torneiro mecânico da Indumec, uma indústria metalúrgica que ficava na Gonçalves Chaves, a 200 metros do Cometa. Nas classes sociais mais baixas - é digno de registro essa particularidade - os adultos não fazem discriminação com as crianças, que são tratadas como adultos, como iguais. Nós, do Juvenil, éramos tratados pelos adultos como iguais.
Ainda mais porque na sede do Cometa havia uma mesa de ping-pong, a única diversão que o clube oferecia, e eu ganhava de quase todos eles no ping-pong. O Wilsinho Catalã e o Nenê Plá de vez em quando me ganhavam. O Cometa tinha a sua sede social nos fundos do bar do Panaiotis, um grego
solteirão, alto e magérrimo, muito branco, com uma baita paciência para nos agüentar. Vivia com duas irmãs e dois sobrinhos; a mais nova, Helena, casou com o Vilmar Catalã.
O bar ficava na esquina das ruas Gonçalves Chaves e Gomes Carneiro. Eu morava duas casas depois do bar. Eu morava a vinte metros do Cometa. Era o Panaiotis que ficava com a chave da sede do Cometa.
A sede não passava de um salão com uns cinqüenta metros quadrados. Em uma das paredes internas ficavam os armários para guardar os uniformes. Encostados nas outras três paredes havia bancos de madeira. Nas paredes, prateleiras, para guardar as taças. Uma mesa de ping-pong, tamanho oficial, e um rádio, para a gente escutar o futebol à noite. A sede só abria à noite.
Os freqüentadores, cerca de uns vinte, eram sempre os mesmos. E todas as noites lá estávamos nós, jogando ping-pong e falando de futebol. O ping-pong era levado a sério. Chegava a haver torneios internos, com a distribuição de medalhas. Eu ganhei algumas. Os jogos de futebol eram sempre aos domingos de manhã, geralmente na várzea. Como a várzea ficava num raio de 1 km. ia todo mundo a pé. E uniformizados, porque nos campos de várzea não há vestiário para trocar de
roupa. As chuteiras iam na mão. Quando o jogo era num outro bairro, mais distante, o transporte era o caminhão.
Havia alguns que não jogavam futebol, mas freqüentavam o bar do Panaiotis, que era o ponto de encontro do pessoal, à noite. Embora o ponto de encontro fosse num bar, quase ninguém bebia. O mais comum era o hábito de algum (talvez uns dois ou três) passar no bar do Panaiotis na hora do almoço, tomar um cálice de pinga, que era chamada de “abrideira”, e ir embora.
O único mais chegado em bebida era um barbeiro, mas era ocasional. Eu era menino de 13/14 anos e evitava chegar perto dele quando ele estava meio “tocado”. Usava sempre paletó esporte sem gravata. No bolsinho do paletó ele guardava uma navalha. De vez em quando, para mexer com a gente, ele jogava dois dedos “em lança” no bolsinho, e já vinha com a navalha aberta, espalmada na
mão.
Uma noite, quando eu passei por ele, encostado na parede na esquina do bar, aparentemente já meio tocado, ele me agarrou muito firme no braço, apertou, e me disse: “tu vai tomar um conhaque comigo”. Eu, menino, nem discuti. Claro que tomei! Mas esse tipo de comportamento não era frequente. Normalmente era um bom amigo.
A turma do Cometa tinha um conjunto musical, que saía aos sábados à noite, dando serenatas. O Ney Rizzo (goleiro do 2º time do Brasil), violão, era o líder; o Vilmar Catalã, violão; o Wilsinho Catalã, pandeiro; o Nenê Plá, argê; o Sadi, irmão do Suli, tantã. O vocal era feito por todos, a duas vozes. Uma noite, eles me deram uma serenata no meu aniversário.Todo esse pessoal do Cometa morava pelas redondezas.O seu Machado, pai do Suli e do Sady, tinha um armazém, com a casa em que morava, na rua de trás, a Santa Cruz, esquina com Gomes Carneiro, ficava a 50. metros do Cometa; O Ney Rizzo (goleiro reserva do Suli no Cometa), morava na Gonçalves Chaves entre Gomes Carneiro e Uruguai; os Catalã (os três) moravam na Gonçalves Chaves, entre Uruguai e a próxima que eu não lembro agora. Na mesma quadra moravam o Pedalão, cujo pai tinha a padaria Rosário, e o Jorginho Satte Allam, com as duas famílias Satte. O pai e o tio dele eram dois sírios
enormes de gordo, que tinham carro de praça.
Eu deixei de frequentar o Cometa no início de 1956, quando eu passei para o Científico, no Pelotense, comecei a namorar, e aí eu só queria saber de ir para o Centro me encontrar com a minha namorada (a primeira). Fiz novos amigos e perdi totalmente o contato com eles.
roupa. As chuteiras iam na mão. Quando o jogo era num outro bairro, mais distante, o transporte era o caminhão.
Havia alguns que não jogavam futebol, mas freqüentavam o bar do Panaiotis, que era o ponto de encontro do pessoal, à noite. Embora o ponto de encontro fosse num bar, quase ninguém bebia. O mais comum era o hábito de algum (talvez uns dois ou três) passar no bar do Panaiotis na hora do almoço, tomar um cálice de pinga, que era chamada de “abrideira”, e ir embora.
O único mais chegado em bebida era um barbeiro, mas era ocasional. Eu era menino de 13/14 anos e evitava chegar perto dele quando ele estava meio “tocado”. Usava sempre paletó esporte sem gravata. No bolsinho do paletó ele guardava uma navalha. De vez em quando, para mexer com a gente, ele jogava dois dedos “em lança” no bolsinho, e já vinha com a navalha aberta, espalmada na
mão.
Uma noite, quando eu passei por ele, encostado na parede na esquina do bar, aparentemente já meio tocado, ele me agarrou muito firme no braço, apertou, e me disse: “tu vai tomar um conhaque comigo”. Eu, menino, nem discuti. Claro que tomei! Mas esse tipo de comportamento não era frequente. Normalmente era um bom amigo.
A turma do Cometa tinha um conjunto musical, que saía aos sábados à noite, dando serenatas. O Ney Rizzo (goleiro do 2º time do Brasil), violão, era o líder; o Vilmar Catalã, violão; o Wilsinho Catalã, pandeiro; o Nenê Plá, argê; o Sadi, irmão do Suli, tantã. O vocal era feito por todos, a duas vozes. Uma noite, eles me deram uma serenata no meu aniversário.Todo esse pessoal do Cometa morava pelas redondezas.O seu Machado, pai do Suli e do Sady, tinha um armazém, com a casa em que morava, na rua de trás, a Santa Cruz, esquina com Gomes Carneiro, ficava a 50. metros do Cometa; O Ney Rizzo (goleiro reserva do Suli no Cometa), morava na Gonçalves Chaves entre Gomes Carneiro e Uruguai; os Catalã (os três) moravam na Gonçalves Chaves, entre Uruguai e a próxima que eu não lembro agora. Na mesma quadra moravam o Pedalão, cujo pai tinha a padaria Rosário, e o Jorginho Satte Allam, com as duas famílias Satte. O pai e o tio dele eram dois sírios
enormes de gordo, que tinham carro de praça.
Eu deixei de frequentar o Cometa no início de 1956, quando eu passei para o Científico, no Pelotense, comecei a namorar, e aí eu só queria saber de ir para o Centro me encontrar com a minha namorada (a primeira). Fiz novos amigos e perdi totalmente o contato com eles.
Em 1960 fui para São Paulo, definitivamente.
Fonte: Luiz Carlos Marques, extraído do Facebook da publicação de Fábio Zündler.
Ainda, segundo essas informações, o clube foi extinto em 1987 dando origem ao Pelotas Clube de Pesca
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